Luis Cursino da França Cardoso

Luis Cursino no centro

          Luís Cursino da França Cardoso nasceu a 4 de fevereiro de 1853, na cidade do Salvador, onde viveu sua infância e parte da juventude.

Seus pais, Luís da França Cardoso e Maria Querina não possuíam grandes recursos, tendo o garoto Luís de estudar durante o dia e trabalhar à noite, para ajudá-los na manutenção do lar.

Desde criança revelou-se grande apreciador das letras, dando preferência ao Magistério. Sua dedicação aos livros ajudou-o a superar dificuldade financeiras, o que lhe permitiu forma-se muito cedo.

Sua primeira nomeação levou-o a residir na Freguesia de S. S. de Massacará. Ali conheceu Hormínia Benigna com quem lhe contraiu núpcias, tendo depois se transferido para Patumuté, onde nasceram quase todos os filhos.

Sua terceira e última transferência ocorreu no ano de 1892, quando chegou a esta cidade.

A julgar pelo seu livro de matrículas, que vai de 1898 a 1925, ensinou nesta terra, durante 2 anos.

Muito preocupado com a instrução infantil, ia recolhendo crianças sem possibilidade de estudar e adotando-as. Educou 8 filhos adotivos, além dos 8 do seu casamento.

Sua casa funcionava como residência para os alunos do interior, a maioria filha de compadres de Patamuté e adjacências. A hospedagem era paga ocasionalmente, quando os pais vinham a esta cidade e fazia-se através de refeições e garrafas de manteiga, ovos e carneiros gordos.

Nos dias da padroeira, Natal e Semana - Santa, os familiares dos alunos do interior costumavam aparecer para assistir às festas e também se hospedavam em sua residência, reunindo, por vezes, no casarão, cerca de 40 pessoas.

Descendente de escravo africano, o professor Luís Cursino era um preto muito alto, forte, polido, de educação esmerada. Sua dedicação ao ensino e o prestígio que lhe conferia, na época, o cargo de Professor Estadual, em pouco tempo concederam à sua pessoa o respeito da comunidade. Foi considerado a maior cultura de Juazeiro, na sua época, sendo procurado por muitos estudiosos para dirimir dúvidas. Grande apreciador de literatura tinha predileção pela Francesa, possuindo várias obras neste idioma, que falava fluentemente. Sua biblioteca foi doada à Prefeitura Municipal desta cidade.

Ensinou por 54 anos ininterruptos. Em 1926 perdeu a esposa e, já cego, lecionava apenas Francês, em curso particular e, em caráter excepcional, ministrava aulas aos negros.

Faleceu a 10 de março de 1933. Um fato adicional, que sensibilizou a todos marcou a data do seu sepultamento (11/03) - a morte do professor Abdias Ribeiro, maestro da Filarmônica Apolo, quando regia uma marcha fúnebre, no seu enterro.

Texto biográfico escrito por  Antonila da França Cardoso

Fonte: Acervo Maria Franca Pires

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