Juazeiro das Artes

 




Em entrevista ao jornal Rivale  - Renovação e Integração, de 20 de dezembro de 1973, o músico José Maurício comentou sobre a sua trajetória, de artista visual a músico. 

José Mauricio, quem é você?

RR - Quando e como você começou a fazer música e a pintar, por essas bandas?

MAURÍCIO - Desde menino já desenhava. Acho que é dom. Na escola, desenho era a única matéria que gostava. Música; eu sempre gostei de música, desde que me entendi, desde de lá quando me apaixonei pela namorada que cantava e dançava rumba no circo

RR - Fale das pessoas que lhe ajudaram durante seu tempo de trabalho

MAURÍCIO - Tem Sanduarte aí, artista já diplomado, atualmente cronista social, foi quem me ajudou, assim, a tirar o pé da lama, através de incentivos, exposições, reportagens, etc.

RR - O que você nos diz do seu tempo com os Novos Baianos?

MAURÍCIO - Viche Maria! Foi a melhor fase da minha vida. A gente levantava cedo, e vivia cada minuto o dia inteiro que Deus dá. Nós nos dizíamos as coisas para dentro da gente. Até não nos lembrarmos. Só sabermos. Cada um sabendo de si. Nem sei quanto instrumentos, som todo dia, shows, praia, futebol. Era de se explodir colorido! Só sei dizer que sinto saudades, e que um dia volto pra lá.

RR - Pouca gente sabe que seus quadros foram expostos na Bienal de São Paulo, a mais importante mostra artístico - competitiva do mundo.

MAURÍCIO - Foi realmente sensacional. Mas isso só aconteceu devido a um grande esforço de minha parte. Quer dizer: preparei meu dossier, participando num festival de artes plásticas de Niterói, uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro aliado à minha vitória na III Pró-Arte. Daí então é que veio a oportunidade de expor na Bienal.

RR - Como você explica, essa dubiedade com que o público consumidor regional de arte, encara o trabalho artístico local, valorizando verbalmente, mas nunca traduzindo essa valorização num preço digno do real valor da obra?

MAURÍCIO - Acontece que o público consumidor artístico regional, é medíocre. Realmente eles não são coerentes quanto ao preço digno do real valor da obra.

RR - Ficamos sabendo, que você vai seguir o exemplo dos mais coerentes, tentando a carreira num centro mais adiantado.

MAURÍCIO - É isso mesmo. Eu tenho uma porção de coisas pra conquistar e que não posso ficar aqui parado. Eu quero é correr o mundo.

RR - Já recebeu proposta de trabalho em outro lugar?

MAURÍCIO - Sim, fui convidado a expor no Gabinete Português de Leitura em Salvador, e numa galeria do Paraná.

RR - Tem algum plano de montar um espetáculo de despedida?

MAURÍCIO - Tenho sim; eu pretendo mesmo, é montar alguns shows. A minha tendência mais forte no momento é pra música. Não sei porque, mas é o que está acontecendo. E é o que vai acontecer.

RR - Assim mostrou-se Zé Maurício. Exemplo de uma nova raça de batalhadores pela arte. Pois é né? Vamos torcer por ele, que não estará se fazendo nenhum favor. Talento não lhe falta. 


Pesquisa no Acervo Maria Franca Pires 

Curadoria: Letícia Mendes

Transcrição do texto: Alison Ferreira

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