Juazeiro das Artes
RR -
Quando e como você começou a fazer música e a pintar, por essas bandas?
MAURÍCIO
- Desde menino já desenhava. Acho que é dom. Na escola, desenho era a única
matéria que gostava. Música; eu sempre gostei de música, desde que me entendi,
desde de lá quando me apaixonei pela namorada que cantava e dançava rumba no
circo
RR
- Fale das pessoas que lhe ajudaram durante seu tempo de trabalho
MAURÍCIO
- Tem Sanduarte aí, artista já diplomado, atualmente cronista social, foi quem
me ajudou, assim, a tirar o pé da lama, através de incentivos, exposições,
reportagens, etc.
RR
- O que você nos diz do seu tempo com os Novos Baianos?
MAURÍCIO
- Viche Maria! Foi a melhor fase da minha vida. A gente levantava cedo, e vivia
cada minuto o dia inteiro que Deus dá. Nós nos dizíamos as coisas para dentro da
gente. Até não nos lembrarmos. Só sabermos. Cada um sabendo de si. Nem sei
quanto instrumentos, som todo dia, shows, praia, futebol. Era de se explodir
colorido! Só sei dizer que sinto saudades, e que um dia volto pra lá.
RR
- Pouca gente sabe que seus quadros foram expostos na Bienal de São Paulo, a
mais importante mostra artístico - competitiva do mundo.
MAURÍCIO
- Foi realmente sensacional. Mas isso só aconteceu devido a um grande esforço
de minha parte. Quer dizer: preparei meu dossier, participando num festival de
artes plásticas de Niterói, uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro aliado à minha vitória na III Pró-Arte. Daí então é que veio a
oportunidade de expor na Bienal.
RR
- Como você explica, essa dubiedade com que o público consumidor regional de
arte, encara o trabalho artístico local, valorizando verbalmente, mas nunca
traduzindo essa valorização num preço digno do real valor da obra?
MAURÍCIO
- Acontece que o público consumidor artístico regional, é medíocre. Realmente
eles não são coerentes quanto ao preço digno do real valor da obra.
RR
- Ficamos sabendo, que você vai seguir o exemplo dos mais coerentes, tentando a
carreira num centro mais adiantado.
MAURÍCIO
- É isso mesmo. Eu tenho uma porção de coisas pra conquistar e que não posso
ficar aqui parado. Eu quero é correr o mundo.
RR
- Já recebeu proposta de trabalho em outro lugar?
MAURÍCIO
- Sim, fui convidado a expor no Gabinete Português de Leitura em Salvador, e
numa galeria do Paraná.
RR -
Tem algum plano de montar um espetáculo de despedida?
MAURÍCIO - Tenho sim; eu pretendo mesmo, é montar alguns shows. A minha tendência mais forte no momento é pra música. Não sei porque, mas é o que está acontecendo. E é o que vai acontecer.
RR - Assim mostrou-se Zé Maurício. Exemplo de uma nova raça de batalhadores pela arte. Pois é né? Vamos torcer por ele, que não estará se fazendo nenhum favor. Talento não lhe falta.
Pesquisa no Acervo Maria Franca Pires
Curadoria: Letícia Mendes
Transcrição do texto: Alison Ferreira
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