Entrevista com Bertolino Nascimento- Berro d' água

Bertolino Nascimento é uma liderança comunitária de Conchas, Zona Rural de Maniçoba, distrito de Juazeiro. Foi ativista sindical e militante do Partido dos Trabalhadores na década de 1980. Dedicou sua vida a causas de sindicatos vinculados à atividade rural e foi uma das mais importantes lideranças populares de Juazeiro.

Foi professor primário em Conchas e, a partir do que presenciou com a desorganização que ficou sua comunidade com a chegada do Projeto de Irrigação Mandacaru, passou a se dedicar à luta pelos trabalhadores do campo.

Em entrevista ao jornal Berro d'Água, em 1987, refletiu que a cultura popular sofreu  transformações com a chegada dos projetos de modernização agrícola, levando os jovens a se distanciarem da cultura local. Sobre isso escreveu um livro denominado “O ontem, o hoje, o amanhã”, com prefácio do educador Paulo Freire.

“Para se chegar ao futuro, com uma nova história, é preciso aprender o passado”. Bertolino Nascimento

 Para saber mais sobre as opiniões da liderança política, leia a entrevista dele, transcrita abaixo.


BERTOLINO NASCIMENTO


Formado na escola da vida Bertolino é uma das mais importantes lideranças populares no município. Professor primário em Conchas, assistiu a desorganização de sua comunidade após a chegada do Projeto de Irrigação Mandacaru. Sobre isso chegou a escrever um livro- “O ontem, o hoje, o amanhã” – que terá prefácio do educador Paulo Freire.

Ativista sindical e militante do PT “partido que me dá mais confiabilidade”, Bertolino revela alguns aspectos das transformações que estão ocorrendo no interior do município com a introdução das modernas técnicas agrícolas, principalmente na cultura popular. Já promoveu dois festivais de cultura camponesa a fim de que os “mais jovens” tomassem conhecimento da vida- “difícil, mas boa porque tinha amizade”- dos seus antepassados.

Pretende realizar mais: prá se chegar ao futuro, com uma nova história, é preciso aprender o passado, ensina.


 

Jornal Berro D' Água, Edição de 1987.
Fonte: Acervo Maria Franca Pires.



P. Você é trabalhador, é educador, é uma pessoa sindicalizada. Qual é a vantagem que vê em as pessoas se sindicalizarem?

R. Eu acho que é interessante, muito bom que o trabalhador seja sindicalizado, mas dentro de uma proposta nova, realmente avançada, onde as pessoas pudessem usufruir de benefícios de um sindicato realmente estruturado, que faça um trabalho de base, trabalhando essencialmente em consonância com cada sócio, com cada trabalhador.

P. Que tipo de consciência você acha que falta ao trabalhador da região?

R. O trabalhador está realmente muito desinformado por falta de um sindicato avançado, que faça um trabalho de base e que atenda de fato à necessidade do trabalhador. Mas eu acho que falta muito ainda. Um trabalho maior da gente. O trabalhador está ausente do que hoje se passa no país, na sociedade, os avanços do capital. As pessoas realmente desconhecem isso. Hoje o capital se alastrou por todo o interior e é difícil. Na verdade a maioria dos trabalhadores ainda não sentiu o fato, não abriu a consciência para este tipo de exploração do capital no interior do campo. Eu, pelo menos acho que falta um pouco mais. Enfim, se a gente trabalhar junto, num trabalho mais aproximado, um trabalho de base, acho que dá pra chegar lá.

P. Observa-se que aqui na cidade o trabalhador do setor rural sempre acompanha os coronéis em eleições. Que tipo de dificuldade você encontra no quadro de dependência que ainda prevalece do trabalhador rural com seus patrões. Como se poderia resolver essa situação?

R. Olha, a pergunta é muito oportuna. A gente acha que no setor urbano o sindicato não faz nenhum trabalho perfeito. Eu diria que não fez nenhum trabalho junto a esse pessoal. Eu acho que há até uma discriminação por parte do sindicato com relação ao pessoal que está na zona urbana. Tanto assim, que o pessoal não tem acesso ao sindicato. A gente verifica que as pessoas que hoje dirigem o sindicato, e que estão à frente do nosso sindicato priorizam só o pessoal da zona rural. Talvez por isso o pessoal da zona urbana nem tem nos procurado muito. Por isso nós também estamos pensando em fazer um trabalho junto a esse pessoal, porque nós entendemos que esse pessoal também é explorado.

Na periferia de Juazeiro você vai encontrar muito desses grupos que trabalham aí nessas empresas, como a Agrovale. São pessoas geralmente da zona urbana, da periferia, que têm muito a ver com a questão rural. Elas trabalham na roça, fazem um trabalho de campo mesmo. E nosso pensamento é unir grupos, trabalhador rural, trabalhador urbano. Acho que realmente nós temos que fazer um trabalho onde possa haver uma consolidação entre os grupos sem haver discriminação do que será trabalhador rural, trabalhador urbano.

Acho que todos eles devem ter consciência do seu trabalho, de que são explorados, e nós precisamos enfatizar isso, fazer um trabalho digno de conscientização para que eles também participem do sindicato. O sindicato realmente é uma entidade que não é só para o pessoal que está no campo. Acho que envolve toda esta questão, que tem ai, a questão da reforma agrária não é só para o pessoal da zona rural.

O pessoal da zona urbana também precisa da terra, precisa realmente se estruturar. A gente vê que a miséria que está aí na zona urbana, é uma coisa que tem muito a ver. A gente precisa tá de olho e também fazer um trabalho junto a esse pessoal que também precisa de moradia.

P. Mas aí, veja: O sindicato é sindicato do trabalhador rural. E o que há, digamos assim, algo parecido ou de igual entre esse trabalhador que está na zona urbana e esse trabalhador que está propriamente na zona rural, dentro desse sindicato?

R. É claro que cada um tem sua atividade. Mas eles também passam por um processo de exploração e todos eles são pessoas carentes, que têm as suas dificuldades, e também precisam de uma assistência. Por exemplo: é muito diferente, esse pessoal que está aí hoje inchando a periferia da cidade, geralmente são pessoas que vieram do campo, que vieram de outras regiões, talvez expulsas pelos projetos de irrigação, esses projetos da Codevasf e outros aí. A mesma atividade que esse pessoal executava lá fora é a mesma que ele desenvolve hoje na zona urbana, e talvez até com mais dificuldade, porque na zona, lá onde ele estava antes, naturalmente ele tinha um acesso pouco à terra e não sabe também a quem procurar.

Entra aí a questão da reforma agrária, que inclusive é uma das lutas da gente para que realmente aconteça. Não a reforma agrária dita pelas pessoas que falam pelo governo, o Plano Nacional de Reforma Agrária do Sarney, que existe só no papel. A nossa proposta é de que realmente esse plano não fique só no papel, mas sim ela seja executada de maneira onde os trabalhadores possam participar dela. E a participação do povo na reforma agrária, eu acho que vai se dar à medida que ele tenha consciência dela , que ele participe no sindicato, tendo propostas de como conseguir isso, qual é a maneira, lutando mesmo com unhas e dentes para conseguir um lugar onde ele possa ter o seu trabalho. Quem sabe, talvez até voltando para a roça. Se você reparar, acho que no nosso município existem ainda muitos latifundiários por aí. É só ver onde é que existe latifúndio e chegar junto, organizar. Eu acho que essa organização vai se dar a partir de um trabalho e conscientização do sindicato. O trabalhador na periferia talvez faça um trabalho que ele não sabe fazer, ou que ele não gostaria de fazer e que é forçado a fazer. Então com a reforma agrária ele pode realmente voltar a executar um trabalho que ele saiba fazer e que lhe vá render muito mais e que ele vai poder crescer e progredir.

"EU ACHO QUE OS TRABALHOS DO GOVERNO NÃO SÃO PENSADOS EM BEM ESTAR, PENSADOS NA CULTURA DO POVO. QUER DIZER, OS PROJETOS SÃO ALIENANTES E INCLUSIVE ACABAM COM A CULTURA E A ORGANIZAÇÃO SOCIAL QUE O POVO JÁ FAZ"


P. Aí você coloca como perspectiva de crescimento e de desenvolvimento do campo apenas essa reforma ou você vê outras formas? A irrigação, por exemplo, tem algum peso nesse sentido?

R. Bom, veja bem; os projetos e as empresas que estão aí no campo como a Agrovale, Cicanorte, Algodoeira, são empresas voltadas para os interesses das multinacionais. Agora, veja bem: de maneira nenhuma o governo vai pensar em implantar reforma agrária no município, quando existem aí essas empresas que exploram realmente mão-de-obra, que é mão-de-obra barata. Então, é dentro dessa perspectiva que a gente pensa em fazer com que aconteça a reforma agrária voltada para os interesses do trabalhador, porque se isso não acontecer, nunca vai haver uma reforma agrária. E é por isso, que a gente precisa fazer um trabalho de conscientização.

Vamos lutar para que os trabalhadores tenham de fato a sua terra e tenham de fato estruturas capazes para que ele possa trabalhar e produzir. Não dentro dessas perspectivas de projetos, porque a gente tem experiência de projetos também. E na nossa área foi implantado projetos da Codevasf e estes projetos não deram certo porque realmente são projetos oferecidos dentro das metas governamentais. Então são projetos ditados, são projetos, assim, de cima para baixo que não são discutidos com os trabalhadores. Hoje você verifica que existe lá colonos, aquelas pessoas que receberam uma área de terra para trabalhar, mas essas pessoas, a maioria delas, não conseguiram ainda uma perspectiva de melhora. O pessoal foi realmente jogado ao léo. Alguns conseguiram. Hoje sobrevivem um pouco. Mas, outros continuam ainda passando suas necessidades.

Eu acho que os trabalhos do governo não são pensados em bem estar, pensados na cultura do povo. Quer dizer, os projetos são alienantes e inclusive acabam com a cultura e a organização social que o povo já faz.

Jornal Berro D' Água, Edição de 1987.
Fonte: Acervo Maria Franca Pires.


P. Bertolino, você tem algum exemplo de que eles são alienantes? Como eles atuam no sentido de desvalorizar a cultura?

R. A gente tinha uma organização onde a gente podia mais ou menos, participar do nosso folclore, cultivar nossas raízes. A gente vivia realmente dentro de uma visão muito boa onde podia dialogar, conversar, discutir a nossa maneira de fazer nossas festas, como fazer nossas celebrações e tal. Hoje as pessoas estão muito distantes, e tá esquecida a nossa cultura, aquilo que o povo fazia, a arte do povo. As pessoas têm uma ideia: os projetos levam para as pessoas, uma outra mentalidade. Vem gente de fora, coloca outras coisas nas cabeças das pessoas, as pessoas começam a pensar  de maneira diferente e daí a pouco a sua cultura vai se esvaziando. E hoje estão muito envolvidos com os meios de comunicação, como televisão, né? , que a gente acha uma coisa boa, mas que hoje tá realmente tirando aquilo que tinha de bom na comunidade. Hoje o pessoal tá realmente ligado em novela e uma porção de coisas e esquece de rever aquilo de bom que acontecia na comunidade.

P. Por que você acha importante as pessoas viverem o passado, manterem a cultura de jeito que ela vinha se manifestando?

R. Eu acho que não podemos desprezar de maneira alguma as nossas atividades de antes porque, se não, é desprezar a cultura. Aquilo que nós fazíamos antes, que nossos pais faziam tem muito haver hoje porque relembrando isso, através desse processo, a gente vai conseguir, talvez, uma modificação na história. Se a gente vai buscar uma coisa lá na frente é preciso voltar um pouco a buscar nossas raízes. Pra relembrar como o que nossos pais conseguiram superar aquelas dificuldades: eles passaram por dificuldades enormes, mas eles encontraram uma saída para superar isso. Como foi? A gente sabe que a vida antigamente foi uma dureza. Mas era também uma vida muito boa e que as pessoas viviam na amizade. Se o trabalho era difícil, passava uma semana de trabalho duro, no final de semana encontravam uma forma de viver, de parar aquela dificuldade, que era através do encontro, da “chamada”, como eles diziam. Então ali eles brincavam, se divertiam e naquela brincadeira, naqueles divertimentos, naquelas prosas, encontravam uma saída de minorar aquelas suas dificuldades. Hoje não existe isso.

“ENQUANTO A GENTE TÁ LUTANDO PARA QUE REALMENTE A PESSOA SE CONSCIENTIZE QUE A NOSSA CULTURA NÃO PODE MORRER ASSIM, OUTRO TÁ LEVANDO UM DISCURSO DE QUE A GENTE TEM QUE SER "AVANÇADO" E TELÊLÊ"


P. Bertolino, o que você acha que é responsável por esse desinteresse dos jovens, pelas manifestações da cultura autêntica?

P. Você participou do 1º Festival de Arte e Cultura Camponesa, que aconteceu algum tempo atrás. Como é que foi?

R. Foi uma ideia nossa. Idealizei esse festival porque senti a necessidade de levar Avante um trabalho que a gente tava vendo ficar no esquecimento. A gente realizou o 1º em 85. No ano passado realizamos o 2 Festival, só que não foi aqui na cidade, mas lá na própria comunidade na ocasião do lançamento do livro que falava da história da comunidade contado pelos próprios moradores. A gente pensa em continuar realizando, foi um compromisso que assumimos, porque é um incentivo à nossa cultura. A preocupação da gente é porque o jovem está muito desligado da nossa cultura, da cultura realmente popular.

R. Falta de conscientização. Enquanto a gente tá lutando para que realmente a pessoa se conscientize que a nossa cultura não pode morrer assim, outro tá levando um discurso de que a gente tem que ser “avançado” e telêlê. Então a pessoa começa a entrar em contradição e numa série de dificuldades, inclusive de saber qual realmente é o caminho mais certo: se rever a nossa cultura ou se ver outras culturas. Tenho um exemplo: certa ocasião a gente, participando de um encontro ali no projeto Mandacaru, foi apresentada uma dança portuguesa. Você precisava ver, parecia uma palhaçada. As pessoas vestidas de casacões, chapéus, não sei o que lá, à moda portuguesa. Eu acho assim um negócio bem ridículo. Essa é uma visão mesmo que trazem os projetos. As pessoas começam a achar que aquilo nosso já está superado. Eles querem ver outras coisas. O jovem está muito assim, gosta de ter muita novidade né?. Começa a enveredar por esses caminhos aí. Nesses projetos se encontra muita coisa importada, muita cultura importada.

P. Que expectativa você tem da Constituinte?

R. Ela depende muito da organização das pessoas que nós escolhemos para a Constituinte. As pessoas mais avançadas, mais progressistas, são minoria. A maioria é conservadora. Como tal, acho que a gente não tem a ilusão de que vai ter aquilo que realmente esperava, mas nem tudo está perdido. Penso que se a gente continuar a promover organizações, discussões nos meios sociais, podemos contribuir bastante para um processo de melhora.

P. Você é sindicalizado e trabalhador rural. O que você tem a dizer aos trabalhadores?

R. Primeiro a questão do mês de trabalho. Para muita gente é um dia de festa, mas para nós sindicalistas a gente entende como um dia de luta, é um dia que marca como um dia comum de luta. Na atividade sindical estamos ali pensando, e não diria mudança, porque me causa náusea falar assim de mudança, haja visto que a gente passa hoje por um processo onde o povo brasileiro ficou meio frustrado com essa história de mudança e realmente até hoje a gente não conseguiu ver até que ponto essa mudança valeu. Mas diria que estamos tentando renovar o sindicato.

"O QUE PRECISAMOS É DE UM ACOMPANHAMENTO MAIS TÉCNICO PARA ADAPTAR MELHOR AS FORMAS DE TRABALHO JÁ EXISTENTES EM CADA COMUNIDADE. QUEREM IMPLANTAR GRANDES PROJETOS DE IRRIGAÇÃO ONDE O PESSOAL ESTÁ ACOSTUMADO A LIDAR COM A PECUÁRIA. ORA EU ACHO QUE FOGE TOTALMENTE DA REALIDADE"


P. Você acha que a ideologia da classe trabalhadora é a comunista, como dizia Karl Marx?

R. Em parte sim. A gente tem que entender que a questão é mesmo a chamada de luta de classes. O trabalhador precisa entender que ele é uma categoria e o patrão é outra, e, de fato, a luta é esta. A gente não pode dizer que vai conciliar patrão e empregado, porque realmente não vai haver isso. Os patrões têm as suas formas de trabalho e nós trabalhadores temos a outra forma.

P. Como você analisa o vínculo dos partidos políticos com o sindicato. Como você vê as políticas partidárias dentro do sindicato?

R. Olha eu acho que isso é uma questão que hoje se comenta muito, mas eu não lhe diria que seria participação política no sindicato.  Eu acho que passa por uma falta de entendimento das pessoas que não querem entender que todo processo hoje é ele político mesmo. Tudo que se faz hoje é político. Agora mesmo dentro da mudança sindical tem que haver mudança. Se o sindicato meu está fazendo um trabalho de objetividade temos que inviabilizar. Não com uma visão política partidária, mas como uma visão política de sindicalismo. Então acho que não passa por esse processo de partido. Naturalmente todos nós como pessoas temos opção partidária. A gente pode optar por esse ou aquele partido, mas é uma opção que nós como cidadãos podemos tê-la. Quer dizer: seu trabalho é realmente sindical nós temos que fazer um trabalho voltado para as necessidades do sindicato. Os partidos têm a sua mentalidade de agir e agem na sociedade, no trabalho, em todas as circunstâncias da vida. Dentro dessa perspectiva é que pode parecer que dentro do sindicato o partido pode ter alguma influência. Se você tem realmente um trabalho de povo, o povo mesmo vai exigir e dizer como é que vai ser feito tudo. O povo mesmo é que vai encontrar arranjos subsídios, a fórmula adequada.

P. Técnicos da Codevasf consideram que 1 ha. irrigado equivale  a 10 ou 15 ha. de sequeiro, em termos de produção. É uma perspectiva de progresso. Como você acha que deve ser o progresso?

R. Cada um de nós já nasce com uma forma de trabalho, essa forma não se acaba com o que diz o técnico. Essa proposta da Codevasf eu acho que é uma maneira talvez de querer enganar o trabalhador. Eles sabem que quem se beneficia com essa forma de colonização nos projetos são eles próprios, que vão acabar conseguindo alta soma em dinheiro, o povo acaba não participando dela porque não está habituado a essa maneira de trabalho. O que precisamos é de um acompanhamento mais técnico para adaptar melhor as formas de trabalho já existentes em cada comunidade. Querem implantar grandes projetos de irrigação onde o pessoal está acostumado a lidar com a pecuária. Ora eu acho que foge totalmente da realidade.


*NOTA DO ACERVO MARIA FRANCA PIRES: Foi feita a transcrição literal da entrevista tal como foi publicada pelo Jornal Berro d’água.


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